Já passaram quase cinco meses desde que regressámos da nossa viagem a São Miguel e, enquanto a próxima não fica agendada, as saudades deste paraíso fazem-se sentir e a curiosidade de conhecer a ilha durante o verão vai-se acentuando. Hoje regressamos ao dia que fomos a banhos na Caldeira Velha. Fica na Ribeira Grande e, além de ser um sítio exemplar da botânica singular de São Miguel, é pacífico e acolhedor. A água é fervente, convida a banhos, e o difícil é sair de lá (pelo menos em pleno inverno).
A ausência por aqui tem-se feito notar mais do que o planeado. Embora continue assídua na blogosfera, nem que seja para pelos blogs que sigo desde sempre, nem sempre a minha vida me permite criar conteúdo interessante para o meu blog. Ou, pelo menos, conteúdo relacionado com o que por aqui tenho vindo a partilhar. Ora, por aqui há sempre espaço para as minhas coleções de memórias dos sítios onde já fomos felizes e é nessa onda que continuaremos. Desta vez, fomos a uma das ilhas dos Açores: São Miguel.
Podia organizar estas partilhas seguindo o nosso roteiro, mas não seria boa ideia. Se nunca ouviram que "num dia só, os açores têm as quatro estações do ano", fiquem então a saber que é o que se diz e que é, efetivamente, a mais pura das verdades. Se saímos do continente com um roteiro muito bonitinho e organizadinho, quando aterrámos percebemos que teríamos de alterar os planos. O tempo é muito instável e há que aproveitar qualquer réstia de sol que esta ilha nos oferece ao longo do dia. Por esse motivo, estavamos sempre a mudar de planos e a andar de um lado para o outro. Se fazia sol, percorríamos miradouros e sítios altos, se chovia, procurávamos visitar sítios de baixa altitude e, se possível, fechados.
Quando aterrámos estava um dia lindo. A Lagoa das Sete Cidades estava prevista para o terceiro dia, mas a previsão meteorológica era péssima para essa data. Deixámos os planos e rumámos até às Sete Cidades. Embora estivesse um dia limpo, chegámos já na chamada "hora de ouro" e não lhes conseguimos diferenciar o azul e o verde. Ainda assim, é linda.
Volta e meia o tempo inverteu-se. Pelos caminhos de São Miguel fomos parando, ora aqui, ora acolá, quando a chuva abrandava e a vista nos parecia desafogada. Vimos paisagens lindas. Nos Açores, a vontade de fotografar tudo é constante, mesmo no meio de uma estrada!
Depois, como não podia deixar de ser, temos as amigas malhadas. Por todo o lado, lá estão elas, a viver tranquilamente. São Miguel tem um encanto especial. Adoramos viajar para fora de Portugal, mas por vezes esquecemo-nos da beleza que temos cá dentro - e é muita!
O ano passado foi muito especial. Saí temporariamente do ninho, fui estudar para Milão e vim de lá apaixonada por Itália - quem não? Além de Milão, vi Veneza, Florença e Roma. Está prestes a fazer um ano que voltei e que fiz a última publicação por aqui. Gosto sempre de voltar aqui e ler o que tenho vindo a publicar, embora as publicações sejam marcadas por períodos de ausência de vez em quando. Não tenho resoluções de ano novo, mas em 2018 gostava de ter conteúdo para vir cá nos intervalos da tese de mestrado. Em fevereiro há intervalo marcado! Na ilha...
Enquanto isso, posso continuar a partilhar a minha coleção de memórias da experiência Erasmus? Para hoje, o meu lugar favorito onde sem dúvida vou voltar mais uma mão cheia de vezes durante a minha vida. Tudo em Veneza é lindo.
Acabou. Regressei a Portugal há uma semana. Na minha cabeça, ainda penso que não vou ficar em Portugal. Habituei-me a outra realidade e há que retomar agora àquela que é efectivamente a minha. É estranho voltar a casa e pensar que há outro país que agora também é um bocadinho nosso, há outra cidade que nos fica carinhosamente guardada no coração. Lisboa é, e há-de ser sempre, a minha cidade preferida, mas há todo um carinho que se desenvolve quando experimentamos positivamente a vida noutra cidade. Milão é uma cidade linda e fui muito feliz por lá, mas já tinha saudades deste céu azul de Lisboa... Arrivederci, Milano.
Conto pelos dedos das mãos os sítios que me desiludiram aqui por Milão, mas havia um em particular que me incomodava fazer parte dessa lista. Navigli é conhecida como a Veneza milanesa, o sítio perfeito para sair à noite e o mais bonito em dias solarengos. Bem sei que o problema é, antes de mais nada, meu, mas quando tentei sair à noite por aqui soube que não ia voltar. Sair à noite não é a minha praia, mas nada ali me suscitou o interesse para voltar. Faltava-me ver num dia solarengo, quiçá fosse mais bonito. Adiei a visita vezes e vezes sem conta porque tinha ficado com a sensação de um sítio sombrio, sujo e exageradamente cheio de turistas, mas chegou o dia em que quase me obriguei a levantar da cama e analisar a veracidade dos factos. Domingo de manhã. Arriscava-me a cruzar-me com um sem número de turistas, mas enganei-me. Estava um dia de inverno solarengo, águas reluzentes... e eu afinal até gosto deste sítio! Mas só de dia! As fotografias falam por mim.
Sobre Mim
Catarina França
Arquitecta de profissão e fascinada pela sensação de pisar território desconhecido.